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Informações gerais
Patrono: Ruy Barbosa
Biografia
Bibliografia
Discurso de posse
Sou muito grato de estar recebendo essa honra de poder participar da Academia Saltense de Letras, de poder partilhar com vocês experiências muito enriquecedoras da minha vida e de receber também toda essa capacidade acadêmica como os dois que me antecederam demonstram ter e que eu admiro.
Eu sou temporão na escrita. Aliás, um dos escritores que eu mais aprecio e, acho que é o que eu mais leio, é Saramago. Ele começou a escrever depois dos 40 anos. Eu comecei depois dos 63, bem depois dele, né? Confesso que foi uma explosão. Não foi nada programado. Sempre estive próximo da escrita e dos livros, mas por necessidade de trabalho. Escrever mesmo foi há 12 anos. Aliás, de 12 anos para cá eu mudei bastante. Eu fiz tatuagem. Eu tenho 14 tatuagens gente. Isso não é pouco para quem tem mais de 63 anos.
Foram muitas mudanças.
E aí comecei a escrever, comecei a escrever. Tem uma amiga que eu esperava que estivesse aqui, mas não está porque deve ter tido algum problema. Ela disse: por que não publica? Mas eu disse: eu não sou escritor. Ela disse: não, publica, e sabe que deu certo, viu? Saiu um livro de poesias. O primeiro veio, aí veio o segundo, o terceiro e agora já estou com o quarto em andamento. Tenho algumas outras publicações. Então, de repente, eu me tornei, acho que já posso me chamar assim, um escritor.
Quero agradecer muito à minha filha Larissa, que sempre foi um porto seguro para mim, apesar de ser minha filha. Ela me apoia de todas as maneiras possíveis e impossíveis. Ela tem uma grandeza enorme. Também o meu filho Tiago, que não pode estar aqui. Hoje eu tenho uma companheira nova, a Lavínia, que está aqui. Ela é sempre rígida. Isso tem muito significado para mim.
Enfim, como eu falei, são três livros só por enquanto. Quero ver se vem mais. Isso é uma complementaridade, um transportamento daquele menino de antigamente. O Geraldo está aqui, e, apesar de estarmos em campos diferentes, nós começamos praticamente juntos na política aqui em Salto. Eu fui secretário de Educação da administração dele, depois de Finanças e passei por vários cargos aqui e em Campo Limpo Paulista e em Capela do Alto.
A convivência com as pessoas e a educação é algo que eu amo. Se eu pudesse ser secretário de Educação vitalício, podem ter certeza de que eu seria. Essa experiência de estar com pessoas e conviver com pessoas me fez provar desse ato de escrever. Uma das coisas que eu mais gosto na vida é estar com pessoas. Acho que essa é a maior das qualidades que eu posso dar ao mundo e espero receber.
Acabou sendo uma coisa muito significativa a cadeira que eu recebi. A cadeira de Ruy Barbosa. Eu não sei se todos sabem em detalhes sobre a vida de Ruy Barbosa. Ruy Barbosa ficou famoso como Águia de Haia. Foi em 1901, se não me engano, que ele foi chamado para participar da Conferência de Paz em Haia. Lá, ele defendeu o quê? A tese da igualdade entre as nações. Ele é baiano, negro, advogado, jurista e se sagrou em muita coisa. Ele foi um dos grandes fundadores da Academia Brasileira de Letras. Ele foi o presidente da Academia de 1908 a 1919 e aí vem as coincidências com a minha vida. Eu fiquei muito feliz com isso.
Ele foi membro do Partido Liberal, que não tem nada a ver com o Partido Liberal de hoje. Ele defendeu eleições diretas, liberdade religiosa e abolição da escravatura. Isso antes de 1900. Como deputado, olhe aqui querida educadora, ele propôs o sistema de ensino gratuito e laico da infância até a universidade. Ruy Barbosa, como ministro da Justiça de Marechal Deodoro, propôs a criação do Supremo Tribunal Federal. Ele foi revolucionário na sua época. Floriano Peixoto foi um carniceiro. Nessa época Ruy Barbosa foi exilado. Ele se mudou para Buenos Ayres, Lisboa e Londres, sempre escrevendo. Aí voltou ao Brasil em 1919 e o que ele fez? Disputou a Presidência do Brasil, mas não se elegeu.
É muita alegria depois de todo o percurso da minha vida, depois de tudo aquilo que eu vivi, chegar aos (daqui a 23 dias eu faço aniversário, no dia 31 de dezembro) chegar aos 68 anos, que eu faço agora, e entrar na Academia Saltense de Letras e na cadeira de Ruy Barbosa. Depois de toda a minha experiência (eu falo toda a minha experiência gente, porque é muito tempo, não é porque é muita coisa não). Quer dizer, eu não acredito em coincidência. Para mim é uma alegria enorme.
Eu quero deixar aqui, Marilena, a minha grande obra para que você faça dela o que achar melhor. São só três por enquanto. E quero agradecer a você, à Rose, que me indicou. Eu não sei mais o que dizer. Agora as palavras somem um pouco, escapam da mente, porque a alegria é maior do que o que eu posso pensar. Ainda estou com faringite. Agora faço o juramento.