Solenidade realizada na manhã de sábado, 28 de outubro, na Biblioteca Municipal de Salto, foi permeada pela emoção, principalmente dos fundadores, e não faltaram lágrimas durante os discursos e as homenagens

 

A presidente da Academia, Anita Liberalesso Neri, durante discurso de abertura

A emoção deu o tom da festa de comemoração dos 15 anos de fundação da Academia Saltense de Letras no sábado, 28 de outubro, na Biblioteca Municipal de Salto. Uma das fundadoras, a presidente Anita Liberalesso Neri quase foi às lágrimas ao lembrar do pai, Ettore Liberalesso, que foi o primeiro presidente da entidade.

“Sinto orgulho e meu coração está alegre por ver que aquele grupo de 16 defensores da literatura venceu e que hoje temos uma academia de escritores”, discursou. Já a primeira secretária e outra fundadora, Mércia Falcini, não segurou o choro com as recordações por ver, como disse, que ela cresceu com a Academia.

As recordações passaram também pela lembrança dos acadêmicos fundadores falecidos recentemente, como Valter Lenzi, que deixou um legado de 17 livros publicados e outros 3 prontos para impressão. O escritor morreu em dezembro de 2022 aos 82 anos e foi um dos homenageados na coletânea lançada durante a festa.

A diretoria atual prestou ainda homenagens com diplomas de honra ao mérito para todos os fundadores vivos pela contribuição dada à cultura e homenageou com flores a professora Vânia Barcella, que foi quem sugeriu, como representante do governo municipal na época, que se fundasse a Academia.

 

Acadêmicos festejaram as conquistas da Academia e a defesa da literatura

Trajetória e feitos

O mestre de cerimônias Gasparini Filho, mais um acadêmico fundador, fez questão de relembrar passo a passo a criação e a trajetória da Academia, falando até dos endereços usados. “A Academia surgiu na antiga biblioteca na Rua Monsenhor Couto, depois ocupou o prédio onde está o conservatório e hoje está aqui”.

Ele relembrou as ações da Academia ao longo dos 15 anos, como a criação da Semana Cultural Ettore Liberalesso, que entrou neste ano na sua sexta edição; a participação na realização do Prêmio Moutonnée de Poesia; a publicação de livros conjuntos, como as seis antologias e o lançamento coletivo de sete livros em 2022.

Também recordou que a Academia encabeçou campanhas em prol da leitura e da revelação de jovens talentos, como a oficina que culminou com o livro “Jovens Talentos da Literatura”, palestras sobre grandes nomes do meio literário para debater a escrita e o “Leituras Inspiradoras” de homenagem a grandes escritores.

A professora Vânia Barcella foi homenageada por ter sido quem sugeriu a criação da Academia

Mais uma fundadora, Anna Osta foi a coordenadora editorial da coletânea deste ano. Assim como Rose Ferrari, responsável pela produção do livro, ela não pôde participar da cerimônia, mas ambas foram lembradas pela presidente Anita e pela primeira secretária da Academia, Mércia, além do mestre de cerimônias, em suas falas.

 

Show artístico

As homenagens da festa de aniversário ainda contaram com a apresentação de bailarinos do grupo Faces Ocultas Cia de Dança, do violinista Miguel Passoni e dos atores Julien Gaioto, Sérgio Rodrigues, Ingrid Pianucci e Vânia Gonçalves, do grupo Zéfiros, que declamaram trechos entrelaçados dos textos da coletânea.

Atores declamaram trechos da coletânea e bailarinos fizeram a representação

E a festa culminou com o lançamento oficial da coletânea anual da Academia intitulada “Verbo Revelado: o Poder das Palavras Ditas, Escritas ou Silenciadas”, que reúne textos de 31 dos 36 acadêmicos com assento na entidade e que neste ano teve como tema o poder da palavra, o principal instrumento dos escritores e dos poetas.

Mércia Falcini, que foi quem sugeriu o tema e que representou o prefeito Laerte Sonsin Júnior (PL) como secretária de Ação Social e Cidadania da Prefeitura (também esteve presente a secretária de Educação, Anna Noronha), disse que se inspirou em um livro de Lia Luft, lançado um mês após a criação da Academia, em 2008.

“Com ‘O Silêncio dos Amantes’, Lia Luft me impactou, porque o mundo em que vivemos carece muito do entendimento e da proximidade entre as pessoas. A autora aborda com propriedade os conflitos familiares e a complexidade dos relacionamentos. Agora, eu sempre pratico a comunicação não violenta”, afirmou.

 

Seis coletâneas

O livro é a sexta coletânea produzida pela Academia, que há três anos adotou a periodicidade anual para as publicações e temas eleitos pelos acadêmicos. As duas primeiras tiveram temas variados, se chamaram Coletâneas 1 e 2 e foram lançadas em 2010 e 2013. Só em 2016 surgiu a primeira sob um mesmo tema.

Os acadêmicos autores com o livro, uma participação de 31 dos 36 escritores da Academia

Em “Salto, Por Que me Encantas?”, o tema era o mesmo, mas a escolha das histórias ficou livre para cada acadêmico, tendo apenas como fio condutor subtemas, como personagens curiosos e históricos, lugares tradicionais, atrações turísticas, comércios longevos e a história dos bares, de pessoas e de instituições.

Só as três últimas ganharam temas únicos para todas as histórias, o que se tornou padrão. Em 2021, saiu “É de Sonho e de Pó”, que tratou da pandemia; em 2022, “A Natureza, Eu, Tu e Ela”, sobre o meio ambiente, e neste ano “Verbo Revelado”, que fala sobre o uso da palavra como meio de expressão de escritores e poetas.

Além do escritor Valter Lenzi, a coletânea deste ano destacou também João Marcos Andrietta, Acadêmico Emérito, que participa do livro com um texto escrito usando apenas o toque dos lábios em um mouse adaptado, já que está acamado há 13 anos por causa da Esclerose Lateral Amiotrófica, que o acometeu há 15 anos.

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