Se depender da estudante do 1º ano do ensino médio no Colégio Prudente de Moraes, em Salto, Sabrina Marx, de 15 anos, ela nunca encarnará o cumprimento da sentença da frase célebre de Paulo Francis: “Quem não lê, não pensa, e quem não pensa será para sempre um servo”.

Ganhadora de três concursos literários entre o ano passado e este, a estudante foi a convidada deste sábado (3) para o “Sala de Visita”, um espaço de entretenimento e informação que antecede as reuniões ordinárias da Academia Saltense de Letras na nova gestão.

Sabrina disse que sempre leu muito (chega a ler cinco livros ao mesmo tempo, segundo sua mãe, a pedagoga que lecionou arte em Itu, Samantha Seratti) e que isto a fez tomar gosto por escrever e agora por participar de concursos para mostrar seus trabalhos fora de casa.

Acompanhada da mãe e do coordenador do ensino médio do Prudente, José Augusto Silva, o Guto, ela disse que tem preferência por poesia (no ano passado foi a vencedora do 29º Prêmio Moutonnée de Poesia, na categoria infanto-juvenil, com a poesia “5 x 5”), mas escreve outros textos.

Para ela, a poesia é uma forma de consolo e de esperança. Para exemplificar esse entendimento, a estudante declamou uma poesia chamada “Fotografia” que fez para a avó e falou que não despreza os clássicos do gênero. “Gosto da poesia de todos os tempos, com rima ou sem”.

A poesia “5 x 5” retrata de forma intensa a pressão exercida pela pandemia do Coronavírus. A estudante mostra a gradação da sua angústia e da sua frustração por causa da doença. No texto, faz uma redução a cada estrofe, de 5 x 5 a 4 x 4, 3 x 3, até o verso final: “Eu não sou mais eu”.

Consciência crítica

Um dos outros tipos de texto que Sabrina faz foi o vencedor do XXI Prêmio Câmara de Meio Ambiente de 2022, na categoria texto dissertativo-argumentativo sobre o tema “Descarte de materiais: faça da maneira correta e colabore com o meio ambiente”, onde mostrou que pensa e muito.

O mesmo aconteceu no concurso do Colégio Prudente de Redação e Poesia de 2022, que venceu na categoria juvenil com a poesia “Descobertas”. “É muito difícil fazer um jovem ler, mas essa é uma luta que vale a pena”, disse o coordenador do ensino médio ao se referir à Sabrina. A mãe Samantha Seratti contou que a filha participa de Sprints de Leitura no Youtube, onde os estudantes têm 40 minutos para ler uma história. Afirmou que sempre deu um livro junto com o presente de cada aniversário da filha, mas que nunca cobrou a leitura ou que escrevesse.

Depois da exposição sobre os trabalhos vencedores e sobre como vê a literatura (“é a minha paixão”), a estudante respondeu a perguntas dos acadêmicos. Disse que usa a internet para ler, mas que prefere o livro físico e que procura redes que tratem de literatura, como o Tik Tok.

 

Cognição e redes

A postura levou a presidente Anita Liberalesso Néri, cadeira 11, patrono Odmar do Amaral Gurgel, a comentar que o foco faz a diferença. A presidente perguntou quantos livros a estudante tinha em casa (ela disse 30) e citou pesquisa que aponta que quanto mais livros, mais cognição.

A acadêmica Anna Osta, cadeira 2, patronesse Rachel de Queiróz, contou sobre sua experiência no Clube do Livro com os livros digitais. “A garotada usa o livro digital, mas quando gosta da história ou do autor, parte para o livro físico, que não perde o seu encanto nunca”.

A vice-presidente da ASLe, Marilena Matiuzzi, cadeira 39, patronesse Cora Coralina, disse que não acha certo crianças muito pequenas usarem celular. “Vou tentar evitar que minha neta passe por isso”. Também fizeram perguntas comentários por mais 15 minutos vários outros acadêmicos.

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