J.Silvestre: um saltense sonhador que desbravou o mundo
Texto do Acadêmico Prof. Dr. Antonio Valini
Cadeira 10 – J.Silvestre
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Estamos muito próximos de seu centenário. O saltense J.Silvestre nasceu em 14 de dezembro de 1922. Não tinha formação universitária, mas era de uma inteligência vivaz, rápida e própria para dominar situações de auditório.
A Academia Saltense de Letras vive um triênio de patronos centenários que, assim como todos os demais, enobrecem o nosso sodalício: 2020 (Ettorre Liberalesso (presidente fundador da Asle), Joao Cabral de Melo Neto, Anselmo Duarte, Clarice Lispector e Archimedes Lammoglia), 2021 (Paulo Freire) e 2022 (J. Silvestre).
Aos 19 anos, J. Silvestre iniciou sua trajetória profissional na Rádio Bandeirantes, como ator, sonoplasta, contra regra, ensaiador e redator. Em 1949 foi contratado pela Rádio Tupi, onde começou a escrever novelas e aparecer como ator. Em 1956 passou a apresentar muitos programas de auditório, sendo o principal: “O céu é o limite”.Sua carreira contempla passagens pela Radiobras, SBT, entre outras emissoras brasileiras, até de radicar-se nos Estados Unidos, onde montou uma produtora de programas de televisão.
Em seu camarim na rede Manchete de Televisão, em 1997, J Silvestre me recebeu para uma entrevista, que durou um pouco mais de 2 horas e rendeu uma matéria que fora publicada em 26 de novembro no Jornal Tapera. Merece destaque o título da entrevista publicada há mais de 20 anos: “A INTERNET SERÁ A TELEVISÃO DO FUTURO E NÓS NÃO TEMOS COMO ESCAPAR DESTA REALIDADE”. Em 2020 as nossas relações se basearam no ambiente virtual. Quem diria que esta entrevista seria revisitada e o seu título, tão apropriado. 2020 foi um ano intenso e repleto de desafios. Novos paradigmas foram construídos em virtude das adversidades que vivenciamos.
Durante nossa conversa falamos sobre o Grupo Escolar Tancredo do Amaral, o Clube Ideal, o Cine Rui Barbosa que seu pai construiu, no local onde funcionou o Cine São Bento, para atender um pedido do seu irmão, a sua trajetória profissional e o fato de ter uma rua em sua homenagem ainda em vida. J. Silvestre faleceu em 7 de janeiro de 2000.
“Outra lição que se pode tirar destas considerações é que a vida sem sonhos é muitíssimo mais fácil. Sonhar custa caro. E não digo só em moeda corrente do País, mas daquilo que forma a própria substância dos sonhos”. Através das palavras de Rachel de Queiróz, patronesse da cadeira 2, ocupada pela jornalista (e com muita honra minha madrinha na Academia) Anna Osta, deixo registrado o meu prestígio e admiração a este sonhador saltense que desbravou o mundo, sempre enaltecendo e defendendo o nome da cidade de Salto.