Academia Saltense de Letras homenageia Ettore Liberalesso com placa histórica no Cemitério da Saudade
Por Jean Pluvinage
Em uma manhã marcada pela emoção, pela música e pela força da memória, a Academia Saltense de Letras (ASLe) realizou neste sábado, 29 de março, um ato simbólico e comovente em homenagem a Ettore Liberalesso — um de seus fundadores, escritor, historiador e jornalista que dedicou a vida à preservação da identidade saltense.
A dois dias de Ettore completar 105 anos, no dia 31 de março, a ASLe instalou uma placa de prata em seu túmulo no Cemitério da Saudade, com informações históricas sobre sua trajetória e um QR Code que leva a mais informações sobre ele disponíveis no site da instituição.
O gesto resgata uma iniciativa do programa Circuito da Memória, que anteriormente havia instalado placas de PVC nos túmulos de figuras importantes da cidade — ação essa que, com o tempo, foi apagada pelas intempéries. Com o ato da ASLe, apenas o túmulo de Ettore conta com a homenagem e o reconhecimento hoje.
A cerimônia teve início com a fala da acadêmica Mércia Falcini, que representou a presidente da Academia, Marilena Matiuzzi, impossibilitada de estar presente. Em seu discurso, Mércia destacou a importância de Ettore para a história de Salto e para os alicerces da própria ASLe. “É um momento breve, mas profundamente significativo”, disse ela, “pois reafirma a presença viva de Ettore em nossa história, em nossa instituição e em nossos corações.”
Marco Ribeiro, atual ocupante da cadeira nº 1 — que pertenceu ao próprio Ettore —, trouxe à tona a relevância dos documentos que ele reuniu ao longo da vida como historiador, considerados fontes primárias preciosas para a compreensão da trajetória saltense. “Ettore foi um guardião da memória, alguém que não apenas registrou os fatos, mas os sentiu, os viveu e os eternizou”, afirmou.
A acadêmica Cristina Salvador emocionou os presentes ao compartilhar lembranças pessoais da convivência com Ettore. Em sua fala, lembrou também de outros acadêmicos falecidos e pediu um minuto de oração pelos que hoje enfrentam problemas de saúde.
O ponto alto da cerimônia veio com as palavras de Anita Liberalesso Neri, ex-presidente da ASLe e filha de Ettore. Com a voz embargada, ela agradeceu à Academia pelo carinho com a memória de seu pai. “Esse gesto me enche de orgulho. Ele mostra que não sou só eu quem ama e admira meu pai. Salto o reconhece, a Academia o eterniza, e a cidade inteira ganha com isso.”
Em seguida, Anita e os demais acadêmicos descerraram a placa de prata, que estava delicadamente coberta por pétalas de rosas amarelas — as preferidas de Ettore — e brancas, escolhidas em homenagem à acadêmica falecida Virgínia Soares Liberalesso, esposa de Ettore.
Um momento de silêncio envolveu a todos então, quebrado apenas pelos acordes sensíveis da Ave Maria, executada ao vivo pelos músicos Gilmar de Campos e Sidney Oliveira, professores do Conservatório Municipal Maestro Henrique Castellari.
A cerimônia foi encerrada com a interpretação do Pai Nosso, dando um tom solene e espiritual ao evento.
Estiveram presentes os acadêmicos: Mércia Falcini, Marco Ribeiro, Anita Liberalesso Neri, Antônio Valini, Jean Frédéric Pluvinage, Ana Carolina Liberalesso Agnolini Wiggert, Cristina Salvador e Gasparini Filho, além de Mateus D’Amato, que representou o secretário de Cultura da Prefeitura, Sandro Bergamo. O prefeito Geraldo Garcia (PP), mesmo ausente, enviou uma mensagem destacando a importância do homenageado: “Senhor Ettore representa um marco para nossa história e é louvável que a ASLe, todos os anos, cultue de forma justíssima sua memória.”
Com o brilho suave do sol da manhã refletido sobre a nova placa e o eco das palavras, da música e da saudade preenchendo o ar, a homenagem desta manhã foi um reencontro entre a cidade e sua própria história — e Ettore, mais uma vez, foi seu cronista maior.