Folia do Divino
No sábado passado, o primeiro fim de semana após a Páscoa, teria início em Itu, minha terra natal, a tradicional Folia do Divino Espírito Santo. É um evento que espero com grande expectativa pois, naqueles sete dias de pouso, sendo seis aos sábados e o último uma procissão no domingo, percorrendo o centro da cidade, me sinto mais ainda um cidadão do interior paulista.
Lembro-me bem quando, no ano de 2014, o Profº Luís Roberto de Francisco chegou na sala de aula do curso de História do CEUNSP e fez o convite para quem quisesse assistir ao Cortejo da Bandeira no centro da cidade, seria em um domingo. Natan Coleta (um grande amigo) e eu, fomos à procissão. Em um dos pousos, no Lar Santo Inácio, o Professor comunicou que estavam precisando de alguém para tocar o Bumbo nas próximas Folias. Olhei para Natan e senti que ele já havia concordado mesmo antes que eu fizesse a pergunta: vamos participar no ano que vem? E lá estávamos nós, no ano seguinte. Natan na viola, eu no Bumbo.
Durante dois anos toquei o instrumento de percussão, até que, em 2017 tive a honra de ser convidado para ser Alferes, que é a pessoa que conduz e fica responsável pela Bandeira (símbolo do Espírito Santo no período de Pentecostes). O Bumbo, um instrumento vindo do Maranhão e feito no século XIX, foi substituído. Hoje ele pode ser visto em exposição no Museu da Música – Itu.
No ano de 2019, fiquei responsável pelas rezas, conduzindo as orações após o momento de entrada e acolhimento da Bandeira. Após as rezas, chega a hora da festa, afinal, onde está o Espírito Santo reina a alegria. Os músicos cantam e tocam suas violas e bumbo, acompanhados pelos convidados do pouso. Enquanto isso, são servidas as comidas e bebidas.
Neste ano, os pousos tiveram que ser adiados por conta da pandemia. Desejamos que a fé no Divino nos livre o quanto antes desse mal e, que em breve, possamos nos divertir com a Folia do Divino Espírito Santo.
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A Folia
A devoção ao Divino Espírito Santo de Deus faz com que ele seja homenageado com essa festa. Durante o período de Pentecostes (momento em que segundo narrativas bíblicas o Espírito Santo desceu aos apóstolos de Jesus Cristo) é feita uma procissão representando os sete dons deixados pela divindade: sabedoria, conselho, ciência, temor de Deus, entendimento, fortaleza e piedade. Durante essa procissão, são recolhidas prendas ofertadas em promessa e, a Bandeira do Divino, com suas cores vermelha e branco, passa para que os fiéis a beijem ou façam seus pedidos ou promessas.
Foto de maio de 2017. Marco Ribeiro (Alferes) e Natan Coleta (Violeiro). Acervo do Prof. Marco Ribeiro
Bumbo feito no Maranhão. Século XIX. Foto disponível no link: http://www.museudamusicaitu.com.br/