Em uma iniciativa inédita, voltada à boa formação dos alunos que farão o vestibular da Unicamp, a Academia Saltense de Letras iniciou, no sábado (24), por meio da professora Ana Carolina Liberalesso Agnolini Wiggert, o projeto “Caminhos Literários – Desvendando Clássicos” com “Niketche: Uma História de Poligamia”, de Paulina Chiziane, e “A Vida Não é Útil”, de Ailton Krenak.

A presidente da Academia, Marilena Matiuzzi, Cadeira 39, disse que esse projeto visa aproximar a literatura dos jovens e prepará-los para o vestibular, especialmente o da Unicamp, através de uma série de encontros com renomados professores de literatura, que ocorrerão ao longo deste segundo semestre de 2024 e abordarão as obras exigidas pela universidade de Campinas.

Ana Carolina disse que as duas obras são muito significativas para o vestibular por apresentarem temáticas específicas. Ela fez um estudo de cada obra para desvendar o que poderá ser perguntado. Em sua exposição aos estudantes inscritos e aos acadêmicos que compareceram, a professora explicou os pontos fortes de cada uma. Também deu dicas gerais para os vestibulandos se prepararem.

De acordo com Ana Carolina, a escritora moçambicana Paulina Chiziane explora em “Niketche” a vida de uma mulher chamada Rami. Ela descobre que seu marido, Tony, tem outras quatro esposas. A partir dessa revelação, inicia uma jornada de autoconhecimento e empoderamento, desafiando as normas patriarcais e explorando a dinâmica de poder e resistência na poligamia.

Para o vestibular, a professora ressaltou o contexto sociocultural da obra, que é centrada na poligamia e no papel da mulher na sociedade moçambicana. Disse que o personagem principal evolui ao longo da história e sai da submissão para a independência. “O livro faz crítica às estruturas patriarcais e à opressão das mulheres. E a autora enriquece a obra com uma narrativa poética e simbólica”.

Já no livro de Ailton Krenak, que é um líder indígena e ativista ambiental, Ana Carolina destaca como o modo de vida moderno se contrapõe à sabedoria ancestral dos povos indígenas. Krenak questiona o conceito ocidental de utilidade e progresso, propondo uma visão de mundo mais conectada à natureza e à coletividade. O livro traz uma série de ensaios e palestras que convidam à reflexão.

A professora destaca para o vestibular a crítica do autor ao modelo ocidental de sociedade de consumo e o conceito de utilidade, propondo uma alternativa baseada na simplicidade e na harmonia com a natureza. Ela pede que o vestibulando fique atento às questões filosóficas transmitidas de forma direta que o livro levanta sobre o sentido da vida, a crise ambiental e as relações humanas.

Mestre da Unicamp, Ana Carolina disse que o vestibular da universidade procura fazer o aluno pensar. Ela recomenda que eles comparem os temas de resistência e crítica social presentes em ambos os livros. “Cada um, à sua maneira, questiona e subverte normas estabelecidas. Esteja preparado para interpretar os textos pelo conteúdo e pelo que sugerem de mudanças sociais e culturais”.

Depois desse primeiro encontro, outros dois serão realizados em setembro e os estudantes interessados deverão se inscrever novamente por meio de um link que será divulgado próximo dos eventos: o primeiro com o professor Leandro Thomaz de Almeida, dia 14, a partir das 9h30, na Sala Paulo Freire do Centro de Educação e Cultura, e o segundo com José Altemir Dias de Oliveira, dia 28.

0 0 votos
Classificação do artigo

Faça um comentário!

Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários