Dr. Barros Jr. e o jornal Correio de Salto
Texto publicado na edição de 30/10/2020 do Jornal Primeira Feira.
Coluna “um dedinho de prosa”.
Acadêmico: Marco Ribeiro
Patrono: Ettore Liberalesso
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O historiador tem nas fontes históricas grandes amigas que ajudam a construir uma narrativa, levam até novas descobertas ou desmistificam algo que já estava consagrado há algum tempo. Um objeto pode nos dizer muito (em alguns casos até mais do que devia) sobre a memória, acontecimentos e de pessoas que atuaram nas cidades e em seus desdobramentos de ordem cultural, econômico, político, dentre outros.
No próximo dia 2 de novembro, será lembrada a data de falecimento daquele que recebeu a alcunha de “Pai dos Saltenses”: o Dr. Francisco Fernando de Barros Jr, ou apenas conhecido como Dr. Barros Jr. O Patrono da Cadeira de número 36, ocupada pela minha amiga Dra. Anicleide Zequini, nasceu na cidade de Capivari aos 17 de março de 1856. Seu pai era um grande produtor de açúcar em sua terra natal. Estudou no conceituado Colégio São Luiz, que na época estava localizado em Itu, onde hoje são as dependências do Quartel. Após uma passagem por Petrópolis-RJ, vai aos EUA continuar seus estudos, ali permanecendo entre os anos de 1877 e 1879.
Quando retorna ao Brasil em 1880, funda a segunda Fábrica de Tecidos na então Freguesia do Salto de Itu. Dentre tantos feitos na cidade, aos 07 de outubro de 1888, pouco mais de um ano antes da Proclamação da República, funda junto ao Professor Tancredo do Amaral (ambos de ideais republicanos) o jornal “Correio de Salto”, sendo o objetivo justamente propagar as ideias e promessas de um novo modelo político para o Brasil, a periodicidade do jornal era bi semanário. O historiador Ettore Liberalesso afirma que, “com o advento desta (Proclamação da República), em 15 de novembro de 1889, o ‘Correio de Salto’ encerrou suas atividades ensarilhando as armas uma vez vencida a causa pela qual surgira”.
Por volta de 1891, o jornal voltaria para defender outra causa, o progresso da cidade, porém, escreve Liberalesso no livro Salto, história, vida e tradição que “sua publicação foi descontínua e, além disso, há poucos exemplares remanescentes dessa época, que possam atestar a periodicidade do jornal”. O “Correio de Salto” sumiu de vez por volta de 1913.
Dr. Barros Jr foi o primeiro prefeito de Salto. Segundo a historiadora Dra. Anicleide Zequini, em um texto escrito sobre seu Patrono para compor a exposição da ASLe Patronos e Patronesses Saltenses, após 1896, Barros Jr. não era mais proprietário da Fábrica de Tecidos e se tornou Coletor de Rendas Federais, cargo que exerceu até o seu falecimento no ano de 1918.
Um bom fim de semana a todos!