DISCURSO DE POSSE NA ASLE
Sou natural da terra de Rafael de Oliveira e Petronilha Antunes, a cidade de Jundiaí, mas estou a 12 anos residindo em Salto, e é com muita honra e orgulho que hoje me tornei um Acadêmico da ASLe.
A cidade de Salto esteve presente em diversas fases de minha vida, como a prenunciar o futuro. No final da década de 60 foi a primeira vez que estive aqui, para participar de um encontro de jovens, um movimento ecumênico, oportunidade que apresentei uma palestra com o tema “Força Interior”. Aqui estive em outras oportunidades, para participar de atividades sociais. Em 1972 ingressei na Faculdade de Ciências e Letras N.S. Patrocínio em Itu (hoje Ceunsp), então vínhamos em alguns bailes neste mesmo local onde estamos, e que hoje abriga a Biblioteca Municipal, mas até a bem pouco tempo atrás denominava-se Clube do Trabalhador.
Em 2003 a convite de um amigo empresário Sr. Álvaro Pereira, passei a trabalhar e residir nesta cidade.
Aqui refiz minha vida pessoal e literária, pois voltei a escrever, lancei livros solos, participei de inúmeras antologias, tanto nacional como internacionalmente; Atualmente participo de vários saraus, em São Paulo, Campinas, Sorocaba, Jundiaí, e outras cidades mais, fiz muitas viagens culturais por esse Brasil, e até mesmo ao exterior.
Este preâmbulo é importante, para que os meus pares conheçam um pouco mais da minha trajetória, e também como o universo conspira a nosso favor aqui em Salto. Conheci esta Academia em maio de 2014, quando participei de uma reunião na qualidade de ouvinte. O convite partiu do confrade Dr. Lazaro Piunti, devidamente aprovado pelo então Presidente o Acadêmico Antonio Oirmes Ferrari.
Em Abril deste ano participei em Campinas do VI Congresso da Academia Nacional de Letras do Portal do Poeta Brasileiro, da qual sou membro efetivo, e tive a honra de ser o Orador Oficial, em meu discurso falei de sonhos, citando ARIANO SUASSUNA QUE DIZIA:
“O SONHO É QUE LEVA A GENTE PARA A FRENTE, SE A GENTE FOR SEGUIR A RAZÃO, FICA AQUIETADO, ACOMODADO”.
Hoje realizo mais um sonho.
Entretanto há que se refletir seriamente sobre o que é ser Acadêmico de uma Academia de Letras.
Vemos a proliferação de entidades literárias pelo País afora, isso é bom, entretanto é preciso estar atentos, pois existem as de bons propósitos, como esta Academia, a do Portal do Poeta Brasileiro, a Alpas 21, a Boituvense, e as que estão no mercado apenas para vender títulos literários. Caros confrades e confreiras acautelem-se quanto a estas.
A importância em ser um Acadêmico transcende ao próprio título, seja pela projeção literária, como a relevância na formação de opiniões por meio das poesias, crônicas, contos, romances. O escritor objetiva o lançamento de dúvidas através do entretenimento, fazer o leitor pensar nas linhas de seus escritos.
Entretanto, não basta ostentar o título e não dar de si um pouco mais para um mundo melhor. Enquadro-me no que falo, porém tenho a consciência do “fazer”, preciso fazer. Tenho procurado doar-me um pouco mais por meio de projetos culturais.
O título de uma Academia é muito importante, tão importante que é preciso estar em constante renovação, bebericar nas fontes do saber, mergulhar nas profundezas da cultura, e submergir renascido não somente em lirismo, mas em fraternidade, com a visão macro do que seja a vivência em sociedade, mormente nos dias atuais. Propor a vida sobre a vida, propor a alegria, mas ter a consciência dos desvalidos. Propor o amor, mas saber da fria lágrima da dor que escorre por esse mundo afora. Cantar o céu e a terra, mas ter a noção da insanidade de muitos homens que governam esse planeta.
O que não consigo entender é a onipotência de certos setores da literatura, que se encastelam em quatro paredes, e somente entre si trocam conhecimentos e experiências. Não saem do casulo, não se misturam.
Entendo que o papel das entidades literárias, entre outros, é o de proporcionar projetos que estimulem as pessoas à leitura.
O poeta vivo é de carne e osso, gente como a gente, é povo! Pelas nossas Academias, imortais também somos, e estamos no meio do povo. Façamos adequado uso desse dom Divino.
Nos eventos literários, que participo principalmente os promovidos pelo Portal do Poeta Brasileiro, a paga é ver o interesse e a alegria estampados nos olhos das pessoas, o brilho da satisfação e admiração quando oferecemos a leitura de um poema, ou fragmentos de uma poesia; Assim foi na orla de Maceió, na cidade do Rio de Janeiro, no bosque dos Jequitibás em Campinas, na caminhada em torno do Lago Igapó em Londrina, em Niterói, Marataízes/ES, Cruz Alta/RS, aqui mesmo em Salto, quando do lançamento da ANLPPB em 2012, na sala anexa ao Museu de Salto. Vejo também esse brilho nos olhinhos das crianças, no Projeto “Encontro com o Autor” em Escolas públicas de Diadema. As crianças nem acreditam estar ao lado de um escritor, porque no entender delas somos inatingíveis. Numa dessas atividades um pai veio falar-me contando que proporcionei uma das maiores alegrias ao seu filho, um menino cadeirante. Esse fato realmente emocionou-me. O tempo é de turbulência, mas a perseverança nas boas ações há de contribuir para um mundo melhor. E nós escritores, poetas, sociedade de forma geral, estamos convidados a fazer parte dessa mudança. Não fuja do seu destino, e não negue o seu talento.
Agradeço a Deus e aos meus pais, que embora não refinadamente letrados, sabiam muito mais que muitos ditos doutores, e foram decisivos no ensinamento da vida, e como vive-la, para hoje eu estar aqui perante os senhores e as senhoras, sendo honrado com o título de Acadêmico da Academia Saltense de Letra, cadeira 34, Patrono Oswaldo de Souza Aguirre.
Para finalizar, permita-me cara Confreira Presidente Sra. Anna Falcini Osta, apresentar um poema em homenagem a Salto, cidade que me acolheu com tanta generosidade; Aqui fiz amigos, e hoje ganho outro tanto.