Texto publicado na edição de 04/09/2020 do Jornal Primeira Feira.

Coluna: um dedinho de prosa

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São João del Rei, em Minas Gerais, é uma daquelas cidades que você visita e se apaixona, não sai da memória. Foi uma viagem incrível que fizemos de moto no ano de 2018. Ali, como historiador, aprendi muito visitando as igrejas coloniais, a arquitetura das casas, viver a experiência de um patrimônio material e imaterial foi uma experiência rica e, com certeza, voltamos de lá diferentes.

A viagem para Minas foi um grande improviso, havíamos programado de ir para Santa Catarina, de carro. Todas as malas estavam prontas e, por um imprevisto, tivemos que mudar os planos. Um dia antes da viagem marcada, olhei para Paula, minha esposa, e falei: nunca fomos para Minas Gerais. Ela entendeu o que eu quis dizer e imediatamente tiramos as malas do carro, reduzimos a quantidade de coisas que levaríamos, amarramos algumas bagagens na moto e, logo na manhã do outro dia, já estávamos na estrada rumo à Minas Gerais.

Após uma noite em Campanha, uma cidade aconchegante, chegamos em São João del Rei. Era dia de jogo das quartas de finais da Copa do Mundo, Brasil x Bélgica, sabemos que o resultado não foi bom para o nosso lado. Descarregamos nossas coisas no quarto de uma pousada, um casarão do século XIX que serviu de moradia para o presidente da antiga ferrovia que ligava São João del Rei e São José del Rei, esta que conhecemos hoje por Tiradentes. Sentamo-nos em um barzinho perto da Igreja de São Francisco de Assis e ali ficamos durante os noventa minutos da partida.

Duas experiências não esqueço até hoje. Andando pelas ruas do centro histórico, nos deparamos com um concerto aberto no salão da Universidade de São João del Rei, era a formatura de um músico. Entramos e acompanhamos aquele evento do violinista. Quando acabou, saímos e fomos tomar alguma coisa na Taberna do Omar, fica na esquina da mesma rua e em frente à Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Pouco antes que a gente entrasse a Taberna, os sinos da Igreja começaram a badalar, bem alto. Aquilo mexeu comigo de uma tal maneira que foi impossível conter as lágrimas. O céu estrelado e a companhia da minha amada contribuíam ainda mais para deixar aquele momento especial.

No outro dia, era a novena de Nossa Senhora do Carmo, fomos acompanhar a missa. Não imaginava a surpresa que teria: as irmãs da Ordem Terceira entrando com os estandartes da Ordem e cantando o seu hino, como em uma procissão, andando pela Igreja até chegar ao altar. Mais uma vez a emoção foi grande. Ainda me pego cantando a música: “protegei nossa Ordem Terceira, ó Senhora do Monte Carmelo”.

São João del Rei é um dos primeiros lugares que voltaremos após a pandemia passar. É um lugar que nos proporciona boas memórias e muitas crônicas de viagens.

Bom fim de semana a todos!

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