Texto publicado na edição de 06/11/2020 do Jornal Primeira Feira.
Coluna: um dedinho de prosa.
***
“Ali o Dr. Barros anunciava ao povo que na Côrte haviam proclamado a República, e a consequente queda da Monarquia Brasileira.

Delirava, e bradava exultante: ‘Viva a república! Romperam-se os grilhões que nos detinham e nos tolhiam a marcha para o progresso! Teremos a lei do povo feita pelo povo. Viva a REPÚBLICA!…’”

O trecho citado foi retirado do livro História de Salto, escrito por Luiz Castellari. Como você já sabe, Castellari ajuda muito em minhas pesquisas sobre a cidade. No capítulo do seu livro que trata sobre a Proclamação da República e sua repercussão em Salto, cidade que tinha um destaque pelos ideais republicanos e que contava com a presença de notáveis defensores da causa (como citado no texto anterior), dentre eles o Dr. Francisco Fernando de Barros Júnior e o Professor Tancredo do Amaral, fundadores do jornal republicano Correio de Salto, o historiador saltense retrata a repercussão da Proclamação de Marechal Deodoro em terras saltenses.

Catellari narra que, na noite de 15 de novembro de 1889, uma sexta-feira, os saltenses foram surpreendidos “pelos alternados apitos da fábrica do Dr. Barros, e pelos sinos da Matriz que tocavam à rebate.” A festa foi grande. O Grêmio Musical Saltense, na frente da casa do político e empresário capivariano, executou a Marselhesa, música que é o Hino Nacional da França e foi um dos símbolos da luta pela “igualdade, liberdade e fraternidade” durante da Revolução Francesa no final do século XVIII.

A fala transcrita do texto de Castellari no início do texto foi dita na sede do Clube Republicano, fundado pelo próprio orador daquele momento. Após a música e a fala, o povo que acompanhava o discurso começou a aplaudir e ovacionar em comemoração ao novo sistema político. Foi feita uma passeata pelas ruas que avançou pela noite. Um trem levou o pessoal para Itu, onde puderam confraternizar com os republicanos da cidade vizinha.

Ettore Liberalesso, em “Salto: história, vida e tradição” nos conta que as comemorações com “palmas, rojões, bandas nas ruas em ruidosas passeatas”, era uma continuação das comemorações de pouco mais de um ano antes, quando aos 13 de maio de 1888 foi abolida a escravidão no Brasil. Os mesmos republicanos que também eram abolicionistas estavam envolvidos nos festejos.

Ainda segundo Liberalesso:

“Para a grande manifestação de adesão ao Governo Provisório Estadual, formado imediatamente após a Proclamação da República, os papéis inverteram-se: os ituanos vieram a Salto em trem especial que, depois, seguiu para São Paulo, levando os políticos saltenses, sua banda, representantes das indústrias, do comércio e do funcionalismo.”

Que o feriado do próximo dia 15 seja uma data de reflexão, para pensarmos sobre nosso sistema republicano.

Bom fim de semana a todos e bom feriado!

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