Poema em linha reta Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo, Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, […]

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Se eu pudesse novamente viver a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido. Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério. Seria menos higiênico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios. Iria […]

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◊ Dizes que brevemente serás a metade de minha alma. A metade? Brevemente? Não: já agora és, não a metade, mas toda. Dou-te a minha alma inteira, deixe-me apenas uma pequena parte para que eu possa existir por algum tempo e adorar-te. ◊ ◊ ◊ Graciliano Ramos de Oliveira nasceu em 1892, na cidade de […]

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Em maio de 2017 fazendo algumas pesquisas deparei-me com fotos do povo de um país africano, Sudão. Entristeci-me com o que via, a pobreza na mais aviltante forma, a fome! Meu coração foi atingido por um raio de indignação, ao mesmo tempo de impotência, mas como forma de desagravo escrevi o poema “Sudão”. Antes, porém, […]

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Ela adiantou-se e espiou através das enferrujadas barras de ferro da portinhola. Na semi-obscuridade do subsolo, os gavetões se estendiam ao longo das quatro paredes que formavam um estreito retângulo cinzento. – E lá embaixo? – Pois lá estão as gavetas. E, nas gavetas, minhas raízes. Pó, meu anjo, pó- murmurou ele. Abriu a portinhola […]

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[…] – Antes de exumar esta carta, eu tinha me perguntado de que maneira um livro pode ser infinito. Não conjeturei outro processo que o de um volume cíclico, circular. Um volume cuja última página fosse idêntica à primeira, com possibilidade de continuar indefinidamente. Recordei também aquela noite que está no centro das Mil e […]

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Sonhar Mais um sonho impossível Lutar Quando é fácil ceder Vencer O inimigo invencível Negar Quando a regra é vender Sofrer A tortura implacável Romper A incabível prisão Voar Num limite improvável Tocar O inacessível chão É minha lei, é minha questão Virar esse mundo Cravar esse chão Não me importa saber Se é terrível […]

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(…) Nasci no ano de… (três estrelinhas), na cidade de… (três estrelinhas) filha de gente desarranjada… Quando o Visconde de Sabugosa, escriba compulsório das memórias da boneca lhe pergunta: – Por que tanta estrelinha? Será que quer ocultar a idade? Emília responde sem titubear, e como sempre, sem papas na língua: – Não. Isso é apenas […]

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