Escritora pretende lançar livro de contos e aproveitar o público que gosta de histórias curtas e diz preferir que prêmios ressaltem a qualidade literária e não gênero, raça e desigualdade social como tem sido ultimamente

 

A escritora Anna Osta mostra a sua última obra, HQ do livro ‘Crescer na terra do nunca’

A escritora Anna Osta, Cadeira 2 da Academia Saltense de Letras, patronesse Rachel de Queiroz, comemora mais um aniversário no sábado (26) com novos projetos, como a reunião da sua produção de contos para um novo livro: “Percebi que há um interesse crescente de leitores por histórias curtas. Quero conquistar esse espaço”, diz.

O trabalho será feito inteiramente dos Estados Unidos. A escritora voltou para sua casa lá depois de uma intensa agenda de eventos no Brasil ao lado do quadrinista Laudo Ferreira. O motivo da visita foi o lançamento da adaptação em HQ de seu livro “Crescer na Terra do Nunca”. A dupla participou de festivais como a HQ Fest, em Indaiatuba, e o Itu Nerd Fest, além de visitar três escolas, onde conversaram com mais de 600 estudantes.

Ao mesmo tempo, Anna coordenou pela terceira vez a coletânea anual da Academia Saltense de Letras, demonstrando sua habilidade na mediação entre autores, diretoria e editora. “É um trabalho que gosto muito de fazer, mas que exige habilidade e diplomacia”, disse a escritora. Curiosamente, a coletânea será lançada no dia do seu aniversário na sede da Biblioteca Municipal, a partir das 10h.

 

Criadora de histórias

Com 20 livros publicados em 20 anos, Anna se define como uma criadora de histórias do cotidiano, cujo foco principal é inspirar pessoas. Por falar em inspiração, a sua patronesse Rachel de Queiroz foi a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e a primeira a receber o Prêmio Camões. Foi com Rachel também que Anna estreou no cenário literário com o romance Betsy, prefaciado pela renomada escritora.

Entre suas obras, “Minha Garota”, de 2019, também se destaca por abordar o relacionamento da empresária Adriane Yamin com o piloto Ayrton Senna. Além dos romances e antologias, Anna continua promovendo e apoiando novos autores, sendo peça fundamental na fundação do Clube do Livro de Salto e na criação da Academia Saltense de Letras em 2008.

 

Visão crítica

Para a escritora, prêmios deveriam destacar a qualidade literária e a relevância dos temas tratados

Quando perguntada sobre os vencedores dos principais prêmios literários do Brasil, como o Jabuti e o Prêmio São Paulo de Literatura, a escritora expressa certa distância. “Dificilmente escolho o que ler só porque a obra foi premiada”, comenta, mencionando também sua percepção de que há uma forte influência ideológica nas premiações recentes. Ela observa que o foco tem recaído sobre questões de raça, gênero e desigualdade social, reflexo do contexto cultural atual. Mesmo assim, reconhece a importância de mudanças na curadoria de prêmios, como as do Prêmio Sesc de Literatura em busca de uma maior diversidade.

“Penso que a função dos prêmios é destacar a qualidade literária e a relevância dos temas tratados, independentemente de uma inclinação ideológica explícita e isto ocorreu recentemente com as mudanças na curadoria do Prêmio Sesc de Literatura, com algumas alterações na comissão de jurados”. De acordo com ela, essas mudanças demonstram que ela não é a única incomodada com a recorrência em privilegiar obras sobre as questões de raça e gênero.

Só neste ano, a escritora já está na leitura do 54º livro. “Leio bastante e gosto muito”. Para quem tem curiosidade pelo gosto literário de Anna, ela compartilhou uma sugestão de leitura: “A Biblioteca da Meia-Noite”, de Matt Haig. “A história de Nora Seed me fez refletir sobre as escolhas que fazemos na vida e suas consequências”, disse, relembrando que, a exemplo da personagem, ela mesma já refletiu sobre o impacto de suas decisões.

 

Dedicação integral

Nascida em Salto, Anna Osta formou-se em jornalismo pela PUC Campinas e, após uma carreira na área, mudou-se para os Estados Unidos e passou a se dedicar integralmente à escrita. Hoje, sonha em ver suas obras traduzidas para outros idiomas, consolidando ainda mais sua carreira internacional.

A relação de Anna com a literatura é profunda, e ela continua trabalhando para promover novos talentos e incentivar a leitura, seja por meio de clubes ou eventos literários.

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