Texto publicado na coluna “um dedinho de prosa”, no Jornal Primeira Feira. Edição de 24 de julho de 2020.

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“É muito para temer esta grande desgraça sobre a Europa inteira. As últimas notícias não são nada animadoras, e é possível que estale de um momento para outro, em razão da grande tensão dos espíritos.

Se rebentar, será uma guerra tão mortífera como até agora não viram os tempos.”

O trecho transcrito está presente no jornal A Federação, edição de 1º de agosto de 1914, e trata-se de uma preocupação com acontecimentos no continente europeu, rivalidades e disputas territoriais entre países, fatos que geraram a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918). Uma guerra tida como “total e mundial”. Total, pois, o alvo também era a população civil, mundial porque envolveu países de todos os continentes.

No início do século XX, a Europa vivia um certo sentimento de otimismo e orgulho, pois permeava a crença na prosperidade econômica vivida pelo continente, sobretudo proporcionada pelo imperialismo europeu. A relativa paz vivida no continente foi desestabilizada pela disputa cada vez mais acirrada entre as potências, sendo Grã-Bretanha, Alemanha e França as grandes protagonistas em tais disputas.

Acontece que, grande parte dessa riqueza vivida no continente europeu era às custas da exploração nas terras e do povo africano. Dados apontam que em 1900, cerca de 90,4% do território da África estava colonizado pelos europeus. Nos anos finais do século XIX, França, Bélgica, Grã-Bretanha, Alemanha, Itália, Portugal, Espanha, Rússia, Estados Unidos, Dinamarca, Suécia, Noruega, Países Baixos, Áustria-Hungria e Turquia, participaram da chamada Conferência de Berlim, firmando o acordo da Partilha da África.

Na edição de 5 de agosto de 1914, o jornal A Cidade de Ytú trazia o seguinte texto:

“Acaba de rebentar na Europa uma tremenda guerra, tão grande, tão extraordinária e de tamanha repercussão como se não havia nunca imaginado. A Allemanha, a Áustria e a Itália se atiram, ferozmente contra a Rússia, a França e a Inglaterra. Qual seja o desfecho dessa enorme guerra não está ao nosso alcance dize-lo e bem poucos serão os que têm cálculos mais ou menos aproximados de tão extraordinário movimento militar. […]”

Pois bem, meu amigo leitor e amiga leitora, a partir desta semana você irá acompanhar aqui no dedinho de prosa a história da Primeira Guerra Mundial (iniciada oficialmente em 28 de julho de 1914) e como ela foi noticiada nos jornais locais, principalmente nos jornais ituanos disponíveis para consulta na Biblioteca de Obras Raras da USP.

Um bom fim de semana a todos.

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