Escritora colhe frutos da 2ª edição de ‘Cidade dos Esquecidos’ após 18 anos
Livro estava esgotado e se tornou referência sobre o antigo leprosário do Pirapitingui, em Itu, e agora tem procura intensa
A experiência que a escritora Kátia Auvray, Cadeira 16, patronesse Cecília Meirelles, da Academia Saltense de Letras, está vivendo com o lançamento da 2ª edição do seu livro “Cidade dos Esquecidos – A Vida dos Hansenianos num Antigo Leprosário do Brasil” é o que de melhor pode acontecer a um autor: 18 anos depois da 1ª edição, o livro esgotou, se tornou referência e agora tem procura intensa.
Na Festa Literária e Cultural de Itu, a Flic, deste ano, em minutos ela vendeu vários exemplares e não só isso: conversou e conheceu diversas pessoas que têm ligações ou que conheceram outros que tinham com o foco do seu livro e essas pessoas ficaram satisfeitas com o resultado da pesquisa de campo, das entrevistas, das fotos e das histórias que ela captou ao longo de dois anos.
“Eu me dediquei a um trabalho que não tinha as mínimas condições e nem tinha segurança, mas fico feliz com os resultados que consegui. Quando lancei a primeira edição, já tinha recebido elogios de quem está ou esteve envolvido com aquele local e agora as pessoas vêm atrás da atualização que foi feita, o que é motivo de orgulho e da certeza do acerto para mim”, diz ela.
Marcas de vida
Dedicar-se a um trabalho de corpo e alma e ser ousada são marcas da trajetória da escritora, que faz 70 anos nesta terça-feira, 10 de outubro, encantada com o que alcançou e que realizou ao longo da vida. Tanto que ela chegou a publicar uma crônica denominada “Me aposentei”, onde afirmava que desejava não fazer nada mais. Espantou a todos, que não acreditaram que seria possível.
E não foi mesmo: nem um mês depois, a escritora revela que já está navegando por novos caminhos. Diz que logo informará o que está planejando e ao que então se dedicará de corpo e alma novamente. Por ora, ela está dividindo essa nova empreitada com o sabor de chegar aos 70, ponto alto de uma trajetória que conseguiu escrever com letras maiúsculas por onde quer que tenha passado.
Desde a menininha irrequieta nascida em Minas Gerais, que chegou a fugir de casa entre aspas aos 18 meses apenas para conversar com os vizinhos ou que tinha todos os dentinhos aos seis meses, até a escritora, pianista, professora e terapeuta holística respeitada, que vieram depois, ela sempre se destacou e deixou marcas que a fazem ser querida e festejada por antigos colegas.
Uma trajetória que passou por quatro Estados (Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e São Paulo) e diversas atividades. O destaque como pianista, que foi por 15 anos, rendeu vários prêmios e um curso especial de alta interpretação com a celebrada Magdalena Tagliaferro. Foi também jurada de eventos carnavalescos e literários, além de fiscal de concursos públicos, em São Paulo.
Diversas funções
Atuou ainda no comércio, em grandes empresas de engenharia e construção, em outras de cobrança e na rede bancária. Coordenou o Museu da Cidade de Salto Ettore Liberalesso, onde criou e organizou o setor de pesquisas. Fez levantamentos históricos por mais de uma década para a Revista Campo & Cidade, com produção de mais cem reportagens. Até se descobrir professora.
Kátia Auvray se formou em História na época da ditadura militar, que foi transformada, por isso, em Estudos Sociais. A profissão lhe permitiu aprender as grandes histórias contadas pelos alunos sobre os seus sonhos, dificuldades, hábitos, misérias e riquezas. As aulas renderam conteúdo para espetáculos teatrais, grandes feiras, trabalhos fotográficos e de pesquisa, que se tornaram livros.
Ela escreveu também a coleção “Magia da História” – 5 livros infantojuvenis sobre a história de Salto; “Um lugar chamado Brasil” e “Vila Santa Terezinha”, sobre os bairros de mesmos nomes em Itu; “Reflexões – Pequenas Notas Sobre Grandes Temas”; diversas participações em coletâneas, como “Roda Mundo”, em Sorocaba, as três últimas da Academia Saltense e crônicas para sites regionais.