Autor de ‘Ética e o Ensino da Ética’, um estudo profundo da formação educacional e da transmissão de valores fundamentais, ele diz estar em busca do equilíbrio entre a vida pessoal e a vida  profissional

O escritor, professor, gestor de marketing e jornalista Antônio Carlos Valini

 Intensidade é a palavra que melhor define o professor, gestor de marketing, jornalista e escritor Antônio Carlos Valini, Cadeira 10 da Academia Saltense de Letras, patrono Jota Silvestre. E isto é uma preocupação para ele. O escritor aproveita o seu aniversário, na quarta-feira 22 de março, para refletir sobre uma busca, cada vez maior, do equilíbrio entre as vidas pessoal e profissional. Afinal, ele mesmo admite que o profissional tem roubado mais do seu tempo.

E não é para menos: hoje Antônio Valini se divide no profissional entre a coordenação de oito cursos superiores na Unianchieta, a consultoria em comunicação e marketing em três grandes corporações, a participação no Conselho Municipal de Políticas Culturais da Prefeitura de Salto e a composição das diretorias do Clube dos Casados e da Academia Saltense de Letras, o que tira boa parte do tempo com a esposa, o filho, a mãe e os amigos.

Na tentativa de reequilibrar essa balança, o escritor decidiu suspender temporariamente a matrícula que havia feito no começo de 2023 no curso de Direito. “Optei por esperar um pouco mais até a conclusão do Pós-Doutorado que já estou em curso para ampliar as experiências vividas ao lado da Julyany, minha esposa; do meu filho Lorenzo e da minha mãe Amélia e amigos”, diz. O grande problema para ele é que tem intensidade ferrenha em tudo que faz.

 

Sem arrependimentos

Mas, se não tem conseguido reequilibrar o tempo com as múltiplas atividades, Antônio Valini não tem nada hoje que gostaria de ter feito e não fez. “Invisto o meu tempo pensando em tudo o que farei a curto prazo”, avisa. E mesmo a sua característica desde a infância de ser um curioso por natureza, o que toma tempo, o impediu de realizar tudo a que se propôs. Ele diz crer que a curiosidade junto da iniciativa e do otimismo transformam o mundo.

“Minha relação com a leitura e com a escrita começou bem cedo. O tempo de estudar era centrado na memorização, no traço das letras e nas leituras. Lembro-me da chegada das datas comemorativas, quando deixávamos a escola bonita, correndo atrás de imagens de mães, pais, crianças, e pensar no tipo e cor da letra para um cartaz que levávamos para a professora. Até hoje minha rotina é voltada a estudar, mas leio menos literatura do que queria”.

Para o escritor, tudo se moldou ao longo do tempo. “Salete Stecca, Irmã Rosa, Renata Begossi, Neusa Garavello, Marly Fabri Panossian e Mildred Ravizza, estes são os nomes das professoras de série e de português (além de todos os professores das outras disciplinas) que me orientaram desde a pré-escola até o ensino médio”. Ele diz que o curso de jornalismo foi o corolário de toda essa admiração pela leitura e pela escrita que o acompanharam desde pequeno.

“Eu não consigo acreditar em uma existência sem sonhos. Enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança. Busco, portanto, nos sonhos, a razão para seguir e esperançar. Realizo-me quando posso me dedicar aos amigos e familiares. Realizo-me quando estou cansado ao final de um trabalho bem-feito. Realizo-me quando me relaciono bem. Realizo-me quando percebo que consegui dividir o fardo e chegamos juntos ao nosso destino”, define.

 

Livro foi marco

A publicação do livro “Ética e o Ensino da Ética” foi uma realização que entusiasmou Antônio Valini devido à dedicação que ele teve nesse trabalho. O livro surgiu de uma pesquisa profunda, realizada para o Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Unicamp, entre 2016 e 2019. “Um livro publicado é uma mensagem de amor, um libelo da sensibilização, um apelo à razão e de reiteração da importância da dignidade humana”.

Sempre atento a todas as informações 

Na visão do escritor, a educação é a prática social da identidade humana. “Não nascemos prontos. Somos engendrados como humanos no longo, cumulativo e grandioso processo histórico de definir a ontologia do ser humano, singular e coletivamente, a partir das práticas educacionais e sociais. Educar é igualmente humanizar, fazer-se pessoa, constituir-se como humano. Já a Ética é a investigação criteriosa sobre os valores que projetamos”.

Nesse sentido, ele entende e mostra no livro que os seres humanos necessitam transmitir, a cada geração, um conjunto de valores, de indicações de condutas, de consensos axiológicos, que se expressam numa atmosfera espiritual e cultural, e que se mostram basilares na coesão da sociedade e na manutenção do humano em cada um. A ética é a expressão do sentido e do agir moral, portanto, a ética é igualmente uma prática social”.

Outra parte importante da obra “A Ética e o Ensino da Ética” diz respeito à criteriosa discussão sobre a ensinabilidade da ética, entende Antônio Valini. “O ensino da ética é um dos grandes desafios postos pela emergente transformação do papel da educação e da escola em nosso país, das novas tecnologias digitais na educação, nas emergentes plataformas de pesquisas e de formação de profissionais e de educadores, entre outros”.

 

Em apresentação durante evento na ASLe 

Papel da educação

A tarefa de ensinar exige uma intencionalidade muito convincente, afirma o escritor. “Depois de trilhar o caminho acadêmico, desde 2003, vivenciando as práticas de sala de aula na graduação e pós, orientações de trabalho de conclusão de curso, orientações a estágios e coordenações de curso nos últimos 11 anos, cheguei a um momento em que a escolha por um trabalho investigativo constitui uma escolha de plenitude de vontades e de escolhas”.

Como aborda no livro, o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, promulgado em 2003 e depois ampliado em 2013 e 2018, carrega a possibilidade de vir a ser uma nova prática de convivência e de reconhecimento ético da diversidade da sociedade e das prerrogativas fundamentais de igualdade de gênero, etnia, cultura etc. Para ele, a questão da ética e dos direitos humanos dentro da educação constitui um tema extremamente atual.

Depois de todo o conhecimento que adquiriu para a produção do livro “A Ética e o Ensino da Ética” e para desempenhar todas as funções que exerce, Antônio Valini quer reproduzir com sua família, hoje, o cuidado que tinha com a mãe Amélia, quando ia buscá-la na antiga Brasital. “O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria com a vida e com os humildes, como disse Cora Coralina. A certeza é que cresço, quando escrevo”, reforça ele.

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