Texto publicado na edição de 16/10/2020 do jornal Primeira Feira.

Coluna “um dedinho de prosa.”

***

O texto que se segue foi escrito pela minha companheira, Paula Pelegrini, juntos estamos construindo nossas crônicas de viagens. Boa leitura!

 

Parece clichê começar o relato sobre um dia de sol para uma exploração de um novo lugar, mas foi em um belo dia ensolarado que partimos, Marco e eu, de Lisboa com destino a Sintra, pegamos o comboio, mesmo que tenham nos dito em alto e bom tom “aqui em Portugal não se pega nada, entramos…”, PEGAMOS com um bom português brasileiro o dito trem que partia em direção a uma cidade muito linda e repleta de cantinhos extraordinários. Detalhe, o trem partiu exatamente às dez e um da manhã. Sim! Horários são muito bem cumpridos por ali. Enfim a tão esperada visita a cidadezinha estava prestes a ocorrer, chegando, um balde de água fria sobre nós, ao contrário de Lisboa, ali estava a cair uma fina chuva em um dia bem nublado e frio, bem frio para quem estava com roupa apropriada para um calor escaldante como aquele do dia anterior. Sintra faz bem jus ao título dado como patrimônio mundial pela Unesco, com suas casinhas, ruazinhas estreitas, castelos, palácios, quintas, museus, parques…

Pastelarias, em português cá: confeitarias, que vendem os deliciosos doces típicos do lugar. Logo no centro histórico nos indicaram um cantinho para comprarmos e nos deliciarmos. Em Portugal cada canto tem um docinho em particular, os pastéis de Belém, os ovos moles de Aveiro, o fradinho de Mafra, e dentre tantos outros de tantos lugares, em Sintra há os travesseiros.

A Piriquita, sim, o lugar chama Piriquita, fica em um cantinho muito movimentado e concorrido pelos turistas, já que fabricam além de queijadas os mais tradicionais travesseiros desde 1862. Foi nessa pastelaria que experimentamos o doce de massa folhada e com um delicioso creme quentinho de amêndoas, acompanhado de um cafezinho “mara”. Pedimos alguns para viagem e, como boa formiga que sou, pedi um de cada da vitrine para levarmos para viagem, confesso que comemos conforme fomos andando de imediato.

Ao procurarmos os pontos turísticos avistamos ao longe na Serra de Sintra uma linda jóia, o colorido Palácio Nacional da Pena, romântico, imponente, parecendo ter saído de um conto de fadas, o que já em nós despertou curiosidade e encanto. Se de longe era lindo, de perto parecia um sonho, com seus lindos detalhes de arquitetura manuelina, que marcam as conquistas portuguesas, com tantos imaginários e navegações. Mas, mil anos antes do Palácio ser construído, nos fins do século IX os árabes erguiam também no alto da Serra, o Castelo dos Mouros, época da ocupação muçulmana da Península Ibérica, com suas enormes muralhas que percorrem os penedos e os penhascos. Após ali conhecermos, vimos enfim os belos jardins, capelas, fontes e lindas inspirações arquitetônicas renascentistas e neo-manuelinas, decorações românticas e góticas da Quinta da Regaleira, local que pertenceu a um alquimista que fez dinheiro em nossas terras e por lá erguera uma maravilhosa obra de arte, repleta de símbolos, referências maçônicas e lugares com divinos detalhes, um desses é o lindo Poço Iniciático, ou como também é conhecido Torre invertida, uma vez que se projeta 27 metros para dentro da terra, ou seja, uma torre que desce com suas pedras e um quê de mistério. Chegando ao final dos nove andares temos uma linda visão, além de observar a torre lá debaixo, o que é um deleite, nos deparamos com uma passagem subterrânea, uma gruta que nos leva a um pequeno e surpreendente lago no meio de um jardim.

Sintra vale a pena? Vale a pena, se tua alma não for pequena, vale a pena por nos proporcionar uma maravilhosa memória e uma querida crônica de viagem. Abraços, em especial aqueles que como nós lecionam, e um bom final de semana!

0 0 votos
Classificação do artigo

Faça um comentário!

Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários