Dando continuidade nas transcrições de textos escritos por historiadores e cronistas sobre a fundação da cidade de Salto, compartilho o texto escrito por José Dias da Silva.

Tal artigo foi escrito originalmente para o jornal O Trabalhador e foi publicado em 16 de outubro de 1949. Boa Leitura.

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“Como a maior parte das cidades do nosso imenso Brasil, desde os tempos das capitanias Salto também teve por alicerce a função de uma capela que veio formar o povoado. Distante mais ou menos uma légua da então Vila de Nossa Senhora da Candelária de Itú, intrépidos sertanistas, devastando mata virgem na sua histórica epopéia, lá pelos últimos decênios do século XVII, construíram sobre o rio Tietê (outrora Anhembí) uma ponte de madeira, muito estreita, desprovida de grades e dividida em duas partes desiguais, com intervalo numa ilha, dando acesso à margem direita desse rio, em terras que haviam sido ocupadas pelos brasilíndios Tupi de Paranaitú.

A referida ponte foi construída perto do Itú-guaçu (salto grande). De i-tú. “Salto, golpe, queda d’água”; guaçú, “grande, largo”. (Dicionário Geográfico da Província de S.Paulo – Dr. João Mendes de Almeida).

Foi aí, nas proximidades da catadupa de eminência de uma pequena colina situada no ângulo formado pelas margens direitas dos rios Tietê e seu afluente Jundiaí, no ponto em que este desagua no primeiro, que o capitão Antônio Vieira Tavares mandou erigir a capela em louvor à Nossa Senhora, sob a invocação de Nossa Senhora do Monte Serrate, que também foi conhecida como capela de Nossa Senhora da Ponte. Com o seu erguimento começou a vida do lugarejo, mais tarde Freguezia de Salto de Itú. É a notícia mais antiga que conhecemos da sua povoação. E mais uma vez o lendário Tietê servia de esteio, – fulcro auspicioso para a implantação de futuras cidades.

O ilustre escritor ituano Francisco Nardy Filho, no seu livro “ A cidade de Itú”, referindo-se ao município de Salto, diz: “Teve o seu início em uma capela aí fundada por Antônio Vieira Tavares e sua mulher Maria Leite em 1695.” Entretanto, o mesmo escritor, em artigo publicado no “O Povo”, de Salto, n, 124, de 27 de janeiro de 1935, intitulado “O Salto, sua fundação e o seu fundado”, cita o erguimento da ermida no ano de 1698, e, tendo pesquisado os assentamentos genealógicos, esclarece nos algo sobre a linhagem e morte do seu fundador.

Manoel Eufrázio de Azevedo Marques nos “Apontamentos Históricos”, Geográficos, Biográficos, Estatísticos e Noticiósos da Província de S.Paulo, vol. 11, também faz referência ao levantamento da igrejinha no ano de 1695 e à data de 11 de dezembro de 1700 da passagem da escritura de doação de terra por Antônio Vieira Tavares para servir seu patrimônio. A escritura foi lavrada no Cartório de Orfãos de São Paulo, no processo de tomada de contas pelo ouvidor em 1807. A capela foi solenemente benta a 16 de junho de1698 pelo padre Felipe de Campos, vigário de Itú. Somos de opinião que Salto deve oficializar essa data como sendo de sua fundação.”

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