O novo normal
Li hoje que a pandemia está deixando a gente chato.
Chato mesmo com essas regras do novo normal.
Dizia no artigo que ninguém mais vai deixar de lavar as mãos, como se isso fosse coisa de outro mundo, né?
Ninguém mais vai deixar de lavar ovo um por um.
Eu acho um exagero, mas tem gente que lava as mãos e fecha a torneira e abre de novo, porque acha que se contaminou ao fechar a torneira com a mão.
Daí o cidadão fica tentando fechar a torneira com o pé.
Mas espera: então a mão é importante, mas o pé não?
É tanta loucura que eu fico pensando naquelas pessoas que têm toc quando saem de casa.
Tenho uma parente que volta umas três vezes para confirmar se desligou o gás, se apagou a luz, se trancou a porta e agora vai ter de lavar as mãos em cada uma delas.
O pior é que essa conhecida esquece as chaves na porta e essas ela não volta para confirmar se esqueceu.
Quer dizer: deixar o gás ligado, a luz acesa, a porta destrancada não pode, mas ajudar o ladrão pode?
Não dá para entender, né?
A situação está ficando tão grave que eu temo pelos relacionamentos no futuro, no período pós-pandemia.
Imagina só, depois disso tudo, abraçar vai ser cometer uma loucura. Beijar então será arriscar a vida.
Vai ser um negócio tão quadradinho que vamos parecer o Lineu Silva, de “A Grande Família”.
Aliás, uma coisa que a gente tem feito muito nessa pandemia é ver tevê para se distrair, já repararam?
Mas é um tal de se ver no programa que assusta demais.
Essa coisa mesmo de parecer o Lineu mete medo, não?
A vida está chata, mas virar um Lineu é demais.
Se bem que eu acho que o Lineu é o menos ruim daquela família. Ih, será que eu já virei o Lineu e nem percebi?
Meu Deus, não.
Melhor assistir “Sai de Baixo”.
Pelo menos a gente não vai se ver na televisão, né?
Se bem que nós não deixamos de ser pobres ainda. Vamos esquecer “Sai de Baixo”.
Que tal ver Homer Simpson?
Mas estou observando agora que ele é acima do peso, grosseiro, ignorante e adora comer rosquinhas.
Talvez valha a pena ver por ele ser bastante dedicado à sua família? Não, melhor não ver “Os Simpsons”.
Já sei: vou ver “Friends”.
Essa é uma série ótima que não tem nada que se parece com a gente, felizmente.
Se bem que Monica e Chandler são o casal que terminou feliz, casado e com filhos, se mudando para uma casa no interior. Não, isso já é ilusório demais hoje.
A saída é ver “The Walking Dead”.
É uma série de zumbis. São só tripas aos montes e sangue à vontade. Não tem problema.
Será?
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